quinta-feira, 31 de julho de 2014

ANGOLANA

ANGOLANA

Fervilha nas veias
Ao som dos batuques,
Em sabor do óleo a escorrer
E no pirão e peixe seco,
Um corpo torneado de mulher

Marimbas e kissanges,
Ouvem-se
P’la lua mensageira,
De Norte a Sul
Por uma Terra tão grande

É com cheiro do café
Em nuvens de algodão,
Nos enfeites de sisal
E no baloiço das cinturas,
Que o pó do terreiro se levanta
Ao bater cadenciado dos pés

Às cores vivas de missangas,
Misturam-se,
Os panos que cobrem teus seios,
Deixando pulsar o coração
Na voz da canção d’um Povo...

Fátima Porto

SER POETA

SER POETA

Soletro palavras escritas
Do meu sentimento,
Em boca fechada,
Deixando minh'alma falar,
Com folhas brancas
Salpicadas de paixão

Mágoas tristes
Molhadas com lágrimas,
Num sentimento inquieto
Nas palavras caladas

Ah, quem me dera ser poeta
Ter nas mãos expressões
Que nascessem da alma

Se fosse poeta,
Largava meu coração ao vento
D'uma fantasia real...

Fátima Porto

quarta-feira, 30 de julho de 2014

QUE SERÁ

QUE SERÁ

Calo meus olhos
No silencio dos sentimentos,
Com lágrimas de culpa
Querendo voar na escuridão

Fecho-os e sinto,
As mais suaves lembranças
Pairando p'la brisa,
Fazendo meus cabelos esvoaçar

Ilusões, sonhos,
Quereres, desejos,
Ou simplesmente utopias vãs...

Fátima Porto

SEPARAÇÃO

SEPARAÇÃO

Saudades que guardo de ti,
O mesmo que da terra molhada,
És o calor que sonho
Logo ao amanhecer,
Como o ar que respiro

Nas praias que invento
De águas calmas, suaves,
Sinto a brisa que passa
Tocando no meu rosto,
Pois de tantas saudades ter
Convenço-me serem beijos teus

Oh Terra que deixei um dia
Que de saudades não calo,
Não cortarei raízes minhas,
Nem a dor que nos separa…

Fátima Porto

ESCONDEU-SE A POESIA

ESCONDEU-SE A POESIA...

Escondeu-se a Poesia,
Numa camisa de forças da cidade
Recusando-se à imaginação
Com o apagar do pôr do sol

Escondeu-se a Poesia,
Em laboratórios, ou palestras,
Enquanto as palavras choram
Numa insatisfação delirante

Escondeu-se a Poesia,
De vestes rasgadas,
Cabelos em desalinho,
Num olhar assustado
Por uma viela qualquer

Escondeu-se a Poesia,
No fogo em ardor,
Espalhando faíscas à inspiração
Numa vida abafada

Mas sem a Poesia,
Resta apenas pó,
E a procura d’uma jura de Vida...

Fátima Porto

terça-feira, 29 de julho de 2014

POR TI MUDEI

POR TI MUDEI


Vida moldada é a minha
Conhece quem em meus caminhos caminha
Não sou a mesma pessoa
Eu não amava verdadeiramente
Agora amo…

Quem diria!
Houve uma transformação em mim

Mudei,
Ao ser o vinho que te aquece
Com meu aroma e sabor,
Em prazer d'um desejo proibido
Que ganhou liberdade

Mudei
Ao seres minha fragrância
E eu sua flor
Num abraço dado a nu
Onde a imaginação
Tem contacto com a realidade.


Autores: Fátima Porto e Fortuna Vitangui Milionáriio De Palavras.

DIZ-ME

DIZ-ME

Diz-me,
Que o tempo somos nós
Espalhados em pedaços
Dos abraços no momento

Diz-me,
Que a linha do tempo
Atada ao que fomos,
E solta ao que seremos,
Na transformação futura

Diz-me,
Que a verdade dita
Através do olhar,
Se aconchega no peito

Diz-me,
Que o coração em ardor
Quase explode,
E outras vezes se encolhe,
Por cada palavra tua

Diz-me,
Que te ouvirei com atenção...

Fátima Porto

SABEMOS

SABEMOS

Quando não estás presente
Todos os meus sentidos procuram-te
Porque és minha saudade

Sou o momento de dor
E de alegria,
A lágrima da despedida
Ou o sorriso na ânsia da espera

Como gosto de fechar os olhos,
Esquecer-me do tempo,
Das horas,
Sabendo apenas
Que somos a partida
E a chegada
Do nosso amor...

Fátima Porto

segunda-feira, 28 de julho de 2014

APETECE-ME

APETECE-ME

Teus beijos doces
Que embalam o repouso
Na vontade serena
De juntos estarmos
Em tão grande amor

Olhares que percorrem
Caminhos secretos
E mãos que leem
O sentir dos corpos
No encaixe perfeito

Quero adormecer
Em teu abraço
E sentir no silêncio
O calor do ardor
Suavemente sorrindo…


Fátima Porto

PRIMEIRO BEIJO

PRIMEIRO BEIJO

Olhos que falam
Bocas caladas
A medo pedindo

Beijo
De encanto
Suave delícia
Meigo, desejado

Bocas coladas
Doce arrepio
Sentindo teu corpo
No calor da paixão
Do primeiro beijo

Voa-se na brisa
Flutuando em marés
D'um barco encantado
Sentindo ainda
O beijo roubado...

Fátima Porto

LAVO-ME

LAVO-ME

Lavo minhas lágrimas de tristeza
Num mar que não tem fim

Lavo a alma dilacerada
Em marés calmas

Lavo minha solidão
Na espuma das ondas

Lavo minhas esperanças
Em praias que invento

Lavo a brisa que corre mansinho
Com cheiro do por do sol

Lavo meu corpo na imaginação
Em doces águas com sabor salgado

Lavo-me em saudades doridas
D’uma Angola ao entardecer …


Fátima Porto

domingo, 27 de julho de 2014

QUANDO...

QUANDO…

Quando a saudade chega,
Uma lágrima rola,
As palavras calam no silêncio,
O corpo arrefece
Sentindo a falta d’um carinho

Quando,
Tudo se torna ausente no presente,
Até as mãos e o regaço
Outrora cheios de tudo,
Agora estão vazios de nada…

Fátima Porto

sábado, 19 de julho de 2014

MÚSICA SÓ

MÚSICA SÓ

Alma triste
Num corpo só,
Entoa melodias
De lágrimas abafadas

Ficam gravadas no corpo
Para sempre guardadas,
Aprisionadas,
Como seus sentimentos

Nem ventos,
E nem o silêncio das noites,
Calará o tema triste
Que nunca fará chorar...

Fátima Porto

SOU ASSIM

SOU ASSIM

Sou imperfeita,
Quando não brilho,
Que calo,
Não dizendo o que sinto

Sou assim,
Alegria e tristeza, intensas,
Instabilidade e segurança,
Porém sem ansiedade

Contudo queria dar-te o outro lado,
O melhor de mim,
Aquilo que oculto
Mas que os meus olhos falam

Sou assim,
Num dar e receber
Continuo,
Por ti e por mim

Sou assim…

Fátima Porto

sexta-feira, 18 de julho de 2014

ESPELHOS

Como não desviar meu olhar
De teus olhos negros brilhantes,
Transparentes,
Cristalinos de pura atração

Tentei evitar
Para não os encontrar,
Em sussurros de paixão
Espelhados nuns olhos sedentos

Tantas palavras largadas ao chão
Num prazer delirante,
Mergulhados no olhar
De intenso amor

Nossos olhares,
Espelhos límpidos,
Que falaram por nós...

Fátima Porto

quinta-feira, 17 de julho de 2014

LEQUE

LEQUE

Leque,
Do calor que sinto,
Dispo meus sentimentos
Que do corpo transborda,
Nas roupas caídas no chão

Leque,
Que faz transparecer emoções
Na vontade e querer,
Em desejo de ter
No sublime suspiro,
Como carícias
D’um beijo

Leque,
Ao encobrir do olhar
Da ténue nudez,
Prevê-se
Na penumbra do dia,
Como quem espera
Em ardor distante…


Fátima Porto

AGORA

AGORA

Não digas nada,
Apenas abraça-me
E murmura teus carinhos
Deixando o aroma na roupa,
No meu corpo,
Em minhas saudades

Vem,
Acabando de seres distância
E seres presença agora,
Vem ter comigo

Agora…


Fátima Porto

VONTADE DE TI

VONTADE DE TI

Silêncios,
Toques,
Queres,
Vontades
Sem palavras,
Bastando olhares

Bocas que se beijam,
Línguas se sentem,
Num pensamento na distância,
E corpos que se unem,
Vibram,
Gemidos de amor numa só voz

E cansados na noite
Repousam,
De corações acelerados…

Fátima Porto

quarta-feira, 16 de julho de 2014

TRISTEZA

TRISTEZA


Tristeza,
Que consome a Alma
E não me deixas sorrir

Trazes contigo
Dor em silêncio
A mortalha do corpo

Quero esquecer,
E fechar os olhos,
Como rasgar as folhas,
D’um livro
Ainda mal começado

Tristeza,
Fazes secar uma fonte
Quase sem água

Tudo em mim
Parou,
E se fechou
Na penumbra,
À espera de forças
Para recomeçar sem mágoas…

Fátima Porto

SENSAÇÕES

SENSAÇÕES

Trilho por pétalas
Ao passar,
Por aspectos que aspiro,
Em todas as vontades esperadas

Atingir odores
Que subtilmente se misturam
Nos pensamentos dos desejos
Em realidades dos sonhos

Fragrâncias de ter,
Sensação de ser,
Num corpo com sede
Em paixão por saciar…

Fátima Porto

ESPECIAL

ESPECIAL

Pessoas que nos falam ao ouvido
Sem nunca as termos conhecido
Pessoas com sentimentos reais
Cujas palavras nunca são demais
Versos cheios de intento
que nos fazem parar por um momento

Bruno Caratão

Agradeço-te com um beijinho do coração

terça-feira, 15 de julho de 2014

VELHO BARCO

VELHO BARCO

Tábuas velhas
Corroídas de angústias,
Num casco sem alma
Das tempestades perdidas

Velas não içadas
Nas lágrimas da chuva,
Já que se partiram os mastros
E as gaivotas voaram,
Na tristeza da solidão

Teu porto seguro
Há muito que se perdeu no horizonte,
E hoje esquecido,
Restam-te pedaços,
Apenas destroços,
Que só trazem à memória,
Tempos idos de glória...


Fátima Porto

TOQUE DE LEVE

TOQUE DE LEVE

Estendi minha mão
Cheia de tudo
Para o sabor do abraço

Um calor que estremece
Na raiz da alma
Que se estende pela seiva de emoções

Pousas ao de leve
Sussurrando pela brisa
Toques de ardor

E voas
Para bem longe
Deixando a saudade no ar
E na minha mão a beleza
D’uma tristeza de nada…


Fátima Porto

TEMPO SÓ

TEMPO SÓ

Na solidão do meu quarto
As horas voam no tempo
Marcadas num relógio sem ponteiros

Minutos que se esvaem por janelas trancadas,
Em segundos, por paredes vazias de nada,
Onde os silêncios se entrelaçam na brisa
Que escorrega nos degraus de lágrimas

O momento assinala mistérios
Vividos no tempo,
Pois abafaram a memória
Se algum dia podia ter existido...

Fátima Porto

segunda-feira, 14 de julho de 2014

SONO

SONO

Minha cama é macia,
Veludo como uma brisa

Aconchego-me em lençóis de ternura
Pousando a cabeça
Numa almofada de esperança

E sonho com flores em redor,
Para perfumar minha dor…

Fátima Porto

VIDAS VIVIDAS

VIDAS VIVIDAS

Barbas brancas
Envelhecidas p’lo tempo,
Deixam transparecer
Um olhar vazio,
Mas carregado de vida
Nos velhos e cansados ombros

Contam histórias
As rugas do rosto,
E as lágrimas
Que ninguém viu chorar

Cala o silêncio
À ombreira da porta,
Num degrau de pedra,
Gasto e envelhecido

Mais um dia que amanhece
No desejo d’aquecer
Uma vida esquecida...

Fátima Porto

LIVRO EM BRANCO

LIVRO EM BRANCO

Vou desfolhando recordações no presente
Durante o silêncio da noite,
Onde palavras mudas
Retratam pensamentos,
No livro da vida,
Em páginas soltas ainda brancas

Letras serão unidas p’la paixão,
Em odor de flores secas
Como marcas de um passado

Livro que esteve sempre fechado
Sem nada escrito,
Mas aberto apenas na memória,
Onde em perfume permaneceu

A vida fê-lo abrir
Para marcar um presente,
Já sem flores secas do passado,
Mas com o calor do pensamento,
Para abraçar o futuro

Lentamente,
Todas as letras transbordam
Para dar vida ao livro em branco...

Fátima Porto

domingo, 13 de julho de 2014

SEM VIDA

SEM VIDA

Deambulo
Na vida
De olhar vazio,
Como vento que passa
Nada dizendo

Solidão oca,
E meu corpo estremece
Procurando abrigo

Falar,
Não consigo,
Da minha tristeza
O mundo sou seu,
Com dor,
E sem vida…

Fátima Porto

LUA MINHA

LUA MINHA

Quero-te para mim
Lua mágica,
D’encantar,
Que fazes transpareces
Meus sentimentos

Quero sentir-te
Como fosses minha,
Tesouro descoberto
P’los namorados

Namorar à tua luz,
Tem sabor especial,
Lua dos meus encantos,
Pois bem próxima
Sinto os teus afagos…

Fátima Porto

sábado, 12 de julho de 2014

ARDOR D'ENCANTO

ARDOR D’ENCANTO

Tira,
Roupa que cobre
Meu corpo nu

Entrelaça,
O calor do abraço
Na alma despida

Sente,
A fragrância da pele
No toque suave

Sussurra,
Em corações descompassados
De dois corpos colados

Beija,
Pedindo sem palavras
Roubando os sentidos

No ardor do encanto,
Rompem inquietos
As vontades abafadas,
E esquecendo o mundo lá fora…


Fátima Porto

SOU ANGOLANA

SOU ANGOLANA

Sentimentos que calam fundo,
Lavando toda uma saudade,
Na tristeza do olhar

Fervilha o sangue p’la distância,
Da terra quente ao sol por,
Que um dia me viu nascer

Imagens d’emoções
Vão e voltam,
Fazendo lágrimas rolarem

Raças, credos e religiões,
Tantas e sem distinções,
Pois p’ra minha grandeza
É alma de ser Angolana...

Fátima Porto

sexta-feira, 11 de julho de 2014

FRAGRÂNCIAS

FRAGRÂNCIAS

Perfumes,
Para que servem,
Se mesmo à distância
Ainda sinto o teu aroma

Nem as mais belas flores
Contêm o teu cheiro
Vindo do beijo e p’lo anseio

Ventos trazem a fragrância de ti
Causando um calor que abafa,
No fresco silêncio do entardecer

Um abraço perdido em mim,
No murmurar suave da tua voz
Guardado em mim,
Faz acalentar minh’alma

São as asas perdidas da imaginação,
Que me fazem ficar mais perto,
Pois nossos cheiros se envolvem
Como o próprio Amor…

Fátima Porto

OLHAR SIMPLES

OLHAR SIMPLES

Em olhos calados
Para lá da distância,
Bate o mar nas pedras da praia
Nuas, molhadas

Quero-me assim
Na saudade d’um infinito,
Desnudando minha alma
Na transparência de um ser
Que entende a distância

Meu rosto sente a brisa,
Que passa ao redor do corpo em liberdade,
Numa praia imaginada
Em que me deleito em prazer,
Talvez um dia sonhado

Desejo essa realidade
No fundo da minha alma,
Sem mágoas gravadas,
Mas com um simples e límpido olhar…


Fátima Porto

quinta-feira, 10 de julho de 2014

MÚSICA

MÚSICA

Em ti me inspiro
Em acordes
Leves
Suaves
Como de um beijo
Ao acordar

Música nos meus sentidos
Em um abraço
Enternecido
De dois corpos
Unidos

Melodia singela
Mas que traz emoção
Batendo forte
O coração

Canto para esquecer
Minha tristeza
O refrão da saudade
Em tom piano
Pianíssimo
Quase sussurrando
Em voz embargada
Com mistura de lágrimas
Nesta solidão.


Fátima Porto

ANGOLA

ANGOLA

Minha terra,
És um sonho desejado,
Solto no odor do sol escaldante,
E fresco
Como as águas calmas dos rios

Angola,
Qual flamingo coberto d’amor,
Voando em bando d’esperança
P’las nuvens de algodão
E agasalhado no aroma de café

Tu és meu devaneio
Na poesia da minh’alma,
Espalhada ao vento,
Sussurando às palmas das palmeiras
Quando o sol se põe

Angola,
Em cada palavra dita,
És um verso de quem sonha...

Fátima Porto


quarta-feira, 9 de julho de 2014

NEGRO

NEGRO

De negro me vesti
À tua espera
Sem espera
De saudades
Pela presença

Sinto frio
Do abraço
Desejado
Nas vãs quimeras

Solidão
Tenho por companhia
Nas noites gélidas
De um Outono próximo
E negro

Olho à volta
E nada sinto,
Sentimentos se esvaindo
Negros,
Como as roupas que trago…

Fátima Porto

SOL DA NOITE

SOL DA NOITE

Dá-me a tua mão
E vem espreitar o sol na noite
Entrar em noutra dimensão
Com luas cor de fogo

Que se separe o céu da terra
E se unam constelações
Para lá da via láctea

São paixões entrelaçadas
Guiadas por estrelas cadentes
De desejos ansiados

É fogo em brasa
Chama ardente
Que rasga a alma de quereres
Em por de sol escaldante

Teus ramos do abraço
Aquecem meu aconchego
Onde descanso em teu peito
Sem palavras de nosso desejo …


Fátima Porto

terça-feira, 8 de julho de 2014

TUA FALTA

TUA FALTA

Vi-te quando partiste,
Ficou a saudade,
E como me fazes falta,
No sentir d’um vazio,
Na solidão

Como faz falta
O teu sentir,
O calor dos abraços,
Teus beijos,
O estar aqui, neste momento

Ah como me fazes falta,
Tanto, como o ar que respiro,
O sorriso no teu olhar
Nas noites que não durmo,
E fazendo amanhecer contigo

Como fazes falta,
No aconchego do entardecer
Ouvindo tua voz,
Olhos nos olhos

Fazes-me falta…

Fátima Porto

TERRA VERMELHA

TERRA VERMELHA

Oh terra vermelha,
Que quando fechei os olhos,
Minh’alma sentiu teu cheiro


Embargou-se a voz
Nas lágrimas que rolavam,
Levando para bem longe
Meu grito abafado

Apertei as mãos,
Para que o punhado de terra
Se embrenhasse,
Até ao mais profundo do meu âmago


Mas lentamente,
Deixei escorrer por entre os dedos
O pó da saudade
Do vermelho da terra que me viu nascer


Mas da minha mão,
O sentir,
O odor,
Jamais desaparecerão...



Fátima Porto
Fotografia de: Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC

ENTREGA

ENTREGA

Escorrem
Areias por entre os dedos,
E algas tocam
Mansamente,
Uma vez que, não planeiam acordar
D’um sonho enredado

Deixo o corpo
Ao sabor das águas,
E que suave prazer
Invade-me

Ah quisera eu
Tuas mãos
Percorrerem
Em meu corpo,
Loucamente delicadas,
Por fascínio
Do desejo

Espraio-me
Em consolo,
Esboçando tua presença,
E entregando-me
À ausência do vazio...

Fátima Porto

segunda-feira, 7 de julho de 2014

AMOR AO POR DO SOL

AMOR AO POR DO SOL

O sol se põe
Em cores quentes
Doces e amantes

A praia é nossa,
Molhamos os pés na água
Sentindo um arrepio

Fujo,
Mas uma onda molha meu corpo,
A roupa,
Deixando ver toda a volúpia,
E rolamos, como crianças,
Na areia molhada da praia

Um beijo longo, quente,
Entre carícias,
Aquece nossos corpos,
Enlouquecidos

O sol,
Mar,
São nossos cúmplices
Deste amor tão querido,
Apetecido

Beijos roubados,
Beijos loucos,
Onde nossas línguas
Entrelaçam-se,
Com sofreguidão

Tuas mãos,
Percorrem o corpo,
Por caminhos ainda escondidos
Na roupa molhada

Já não existe sol,
E o mar apenas observa
Dois corpos unidos
Nas rendas de espuma d’amor...

Fátima Porto

ETERNIDADE

ETERNIDADE

Olhá-mo-nos num silêncio tão doce,
Em que um mar de palavras foi dito,
Sem que os lábios se mexessem

E o abraço de tanto afago, e carinho
Como que a suavizar da ausência
Na dor da longa distância

Mas naquele preciso momento,
Os corações próximos e acelerados,
Inevitáveis juras de amor se fizeram,
Tão breve quão a eternidade...

Fátima Porto


domingo, 6 de julho de 2014

AMOR IMPERFEITO

AMOR IMPERFEITO

Amor imperfeito,
Muito mais que perfeito,
Quando esquecemos defeitos
No tempo exacto
Fazendo as horas passar

Amor imperfeito,
É tão perfeito que faz sonhar,
No silêncio da noite,
Como uma melodia de carinhos
De quem anseia amar

Amor imperfeito,
Com falhas que o tornam completo,
Cabendo no peito,
No calor d’um abraço,
Já que é mesmo,
Perfeito...

Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC

PALAVRAS PARA ANGOLA

PALAVRAS PARA ANGOLA

Vou até ti,
Minha Terra
Em aviões de imaginação

Recordações de juventude
Que trazem saudades,
Dos dias vividos
E emoções sentidas

Mando-te palavras d’alma
Com a beleza das acácias,
E de lágrimas empoeiradas
P’la terra vermelha crestada

Mando-te palavras do coração
Com a doçura das frutas
E dos cheiros
Que fechando os olhos, ainda sinto

Mando-te palavras d’um abraço
Forte e imenso,
Como se meus braços fossem,
Os ramos do velho imbondeiro
À beira do caminho

Para ti, minha Angola,
Mando-te palavras de calor
Como o por do sol à tardinha
Numa praia qualquer…


Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC

TEU CORPO, POESIA NOSSA

TEU CORPO, POESIA NOSSA

É no teu corpo
Que vou desenhando letras,
Para um poema em nós

Com volúpia e emoção,
Sinto palavras queridas,
Percorrerem pelo silêncio,
Trilhos esquecidos na penumbra

Poema escrito num corpo,
Onde odores calados,
Se fundem nos beijos dados,
Suavemente em sintonia

Dedos serpenteando,
Alienados,
Permitindo reticências,
Interrogações,
Ao trocarem exclamações em ardor

Poesia em corpos que falam,
Querem,
Sentem,
Mas nunca um poema vazio de nada...


Fátima Porto

sábado, 5 de julho de 2014

O MEU SOFÁ

O MEU SOFÁ


Recostada, imagino
Sonhos,
Quereres,
E fechando os olhos, dou largas à imaginação

Eu aqui sentada apenas envolta num véu,
Para vires docemente,
E tuas mãos percorrem o meu corpo

Tua boca beija suavemente meu rosto,
Pescoço,
Fazendo soltar uma excitação em nós,
De um querer sem pudores e tabus

As minhas mãos, língua,
Exploram o teu corpo
Aconchegando-te a mim
Sentindo o teu peito no meu
E um bater descompassado dos corações

O véu vai caindo,
E por fim, o beijo sôfrego,
Onde as línguas se entrelaçam,
Como num abraço
E, ele ali está

Rolamos para ele
E saciamos nossa vontade louca,
De corpos unidos,
O prazer é levado à exaustão,
Murmúrios,
Sussurros de encanto,
Beijos quentes em corpos suados, cansados


Sofá da imaginação
Sofá da realidade

O MEU SOFÁ...


Fátima Porto

sexta-feira, 4 de julho de 2014

ORVALHO DE SAUDADES

ORVALHO DE SAUDADES

Guardei o mar das saudades
Para nunca o perder,
No sótão das memórias
E calei profundo

Abro-o,
Quando tristezas apertam o peito
E sufocam a voz,
Num embriagar da nostalgia,
Como cheiro de flores secas,
P’lo tempo que passou

Guardei a madrugada
Em gotas de orvalho,
Para que em silêncio e só,
Se confundissem com as lágrimas
Que derramavam da minh’alma

Pois que o orvalho,
São lágrimas ao amanhecer…


Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC

COMO SOU

COMO SOU

Prendo-me numa dimensão
Em que toda a minh’alma se solta,
Nas trovas que escrevo,
E em cada sopro que respiro

Na tormenta do amor
Eu conheci um todo,
Abafando-me,
Arrebatada,
Chegando para minh’alma,
Tal como sou

Mas em cada brisa que passa,
Enchem-se os olhos de lágrimas,
Só no meio da multidão,
Sentindo-me abandonada,
Querendo apenas
Voar nas nuvens do tempo e da distância…

Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC

JANELAS DO TEMPO

JANELAS DO TEMPO

Fecharam-se velhas janelas
Entorpecidas no tempo
Onde o silêncio agora habita

Murmúrios d’um passado,
Que se esvaem por entre gastas frestas,
Alheios a quem passa

Crianças por ela brincaram,
Ou onde namorados trocaram juras de amor,
Em páginas d’um passado não distante

Quantas histórias guardam por entre janelas,
Hoje carcomida pelos anos,
Onde suas dobradiças se enferrujaram,
E que não mais se abrirão

Assim como janelas encerraram ao vento,
Quantas vidas se fecharam no tempo,
Mas que ainda hoje retêm o passado…


Fátima Porto

quinta-feira, 3 de julho de 2014

SAUDADE

SAUDADE

Saudade,
Não tem cheiro nem sabor

Saudade,
Fala-se,
Mas não se vê

Saudade,
Faz parte da ausência,
Mas não do amor

Saudade,
Quem a tem sente uma dor
A crescer no coração

Saudade,
Quando vem,
A solidão acompanha,
Por carência de alguém…


Fátima Porto

ESCONDERAM-SE AS PALAVRAS