segunda-feira, 30 de abril de 2012
SEM SOM
Piano despido
De choros e lamentos
Em acordes
Trinados de lágrimas
Já não se ouve melodias
Percorrendo a escala
Em oitavas
Até ao suave da alma
Foste-te despindo lentamente
Dos bemóis e sustenidos
Numa pauta de emoções
Deixando o lamento emudecer
Resta somente um piano fútil
Calou para sempre sentimentos
Que um dia fez vibrar…
Fátima Porto
TOQUE DE LEVE
domingo, 29 de abril de 2012
SOLIDÃO DO PORTO
Perdi meu porto de abrigo
Ao entardecer
Nas águas calmas dum rio
Na solidão gritei
Lágrimas num horizonte
Que arrefecia como eu
Abracei-me aos últimos raios
Aquecendo minh’alma
Das feridas que cozia com teu perdão
Mais um dia se esvai
Contendo meu silêncio
Que se esgota de emoções
Olhando a janela do mundo
Desejo descobrir meu porto
Desaparecido na imensa dor…
Fátima Porto
Fotografia : Luis S. Marques
VESTIR PARA TI
Saída das rochas
E do mais puro agreste
Quero-me vestir para ti
Na alma que sou
Rica de sentimentos
Em tesouros por desvendar
Desnudo meu espírito
À espera que encontres
Trajo as mais ricas vestes
Saída do nada
Ocultando meu rosto
Para que não vejas meus olhos
Falando por mim
As pedras que rodeiam
São a minha solidão
Amargas, doridas e secas
Mas quero vestir-me para ti…
Fátima Porto
Fotografia : Adalberto Gourgel
VOU ESCREVENDO
Abro o livro das ideias
Dentro da minha solidão
E as palavras soltam-se
Junto-as uma a uma
Deixo voar emoções
Em voz calada no silêncio
Páginas são viradas
Deixando o passado
Mas vivendo o presente
Nas folhas brancas
Sentimentos esculpidos
No calor da alma
Fazendo ecoar amores contidos
Livro que nunca se fechará
Mesmo que fique inacabado…
Fátima Porto
sábado, 28 de abril de 2012
MISTÉRIO NAS CUBATAS
Cai a noite
Nas cubatas em silêncio
Onde existe mistério
Terra dos enigmas
Que se apoderam da alma
E que contagiam o Ser
No ermo do morro
As cubatas quase tocam o céu
Pedindo pela chuva que não cai
À terra crestada num capim já seco
Sons de canções doridas do passado
Embalam teu interior contido
Alguma vez cantado à luz do dia
Os batuques não se ouvem
Quissanje calou-se
As cubatas ficaram desertas…
Fátima Porto
Fotografia : Adalberto Gourgel
DESEJOS OCULTOS
MINHAS MÃOS
Estendo as mãos
E estão vazias
Um grito
Aperta-me o peito
Abraço-me
Olho-me ao espelho
As minhas mãos
Continuam vazias
Sento-me no chão
E sinto frio
Frio, tanto frio
Mas as minhas mãos
Continuam vazias
Solta-se um grito sufocado
Meu corpo estremece
Semelhante a um acordar do sonho
Vibra de emoção
Suado,
Como depois de amar
E de ser amada
E as minhas mãos
Cheias de Amor
Como Eu...
Fátima Porto
sexta-feira, 27 de abril de 2012
PÉTALAS DE LÁGRIMAS
Remexi a areia
Ao plantar uma rosa
Cravei espinhos de dor
No seu perfume suave
A brisa correu ligeira
Serenando as tristezas
Esperando que o mar levasse
A rosa das minhas mágoas
Alva rosa como a alma
E a espuma do mar
Deixou cair pétalas de lágrimas
Na fria e calada areia da praia
Vai caindo a noite
Na praia de uma vida
Fechando os olhos no silêncio
Voa a tortura com um sopro…
Fátima Porto
SALINAS EM OUTRA GRANDEZA
Perco-me por minhas terras
Em contrastes do verde da paisagem
Com o céu salpicado de nuvens
Paro num lugar sobrenatural
Como se estivesse em outra dimensão
Até mesmo em outro mundo
Tudo é diferente
Deste as nuvens, ao escasso arvoredo
De aspeto grandioso
Mas admirável
Um Mundo dentro de outro Mundo
Salinas do Sumbe
Beleza da natureza
Maravilhosas sem igual
Para quem vê e sente…
Fátima Porto
SERENIDADE
Quanta serenidade irradia
Observar longínquo
Do pensamento dividido
Num presente passado
Sentimentos revoltos
Provocam um olhar parado
Esquecido de si própria
Nas lembranças como recordações
Memórias amachucadas
Desafiando a calma exterior
Onde uma alma chora
E transborda sangue
De um rio carregado de queixumes
Mas as ideias baralham-se
Numa serenidade de loucura…
Fátima Porto
PENAS SOLTAS
Quantas penas de meu penar
São levadas p’la brisa
Deixando nus meus sentimentos
Soltam-se angústias
Lágrimas doridas
Em vendavais serenos
D’um silêncio prostrado em mim
Esventro em cada pena
Num peito dilacerado
Desnudando minh’alma
Que se soltem raivas amordaçadas
Em gritos longínquos
Levados nas asas das penas de meu penar…
Fátima Porto
quinta-feira, 26 de abril de 2012
SEM PAR
Palavra a palavra
Voam em bando sem destino
Num bailado desafinado
E sem música
Pensamentos vãos
Onde quimeras ocas
Rodopiaram loucamente
Esquecendo a dança
Ideias deixaram de ter par
Nos acordes melancólicos
Arrefecidos pela distância
Em melodia de solidão
Fugiram as palavras
Descompassadas para um canto…
Fátima Porto
POR DEGUSTAR
AMOR/SAUDADE
PALAVRAS
quarta-feira, 25 de abril de 2012
ESPELHOS DE OLHARES
Olhos que se encontram
Que falam
Tateiam os corpos nus
Em palavras sentidas
Expressam momentos
Caricias queridas
Suaves abafos
Que só os olhos dizem
Fecho os olhos
Porque os conheces de cor
E pedem o que minha boca cala
No nosso silêncio
São as mãos que quebram tabus
Trilhando caminhos secretos
Em olhos ansiosos
E com os lábios no olhar
Embebedam-se beijos…
Fátima Porto
SENTIR UM ABRAÇO
terça-feira, 24 de abril de 2012
NÃO A REGARAM
…A rosa secou com o passado
Caíram pétalas
E o perfume esvaiu-se
O orvalho da noite
Ou lágrimas disfarçadas em chuva
Não a regaram
Apenas foi um botão de rosa
Que mal abriu em flor
Amareleceu e murchou
Pétalas, uma a uma
Foram ciando, como choro
Surdo e silenciando aos poucos
Mas mesmo ressequida
Não perdeu sua beleza d’outrora
Indiferente, sem o seu odor…
Fátima Porto
COMO LIDAR...
Como lidar…
Se os sentimentos estão trancados
Deixando no peito uma dor?
Como lidar…
Se abafo minhas lágrimas
Para se ver meu sorriso?
Como lidar…
Se fecho os olhos
Porque a boca fala
O contrário que eles querem?
Como lidar…
Na vontade e desejo
Do calor num abraço contido?
Como lidar…
Em lábios suaves
De um beijo com sabor a pouco?
Como lidar…
Fátima Porto
MINHA LIBERDADE
Voo nas asas do amanhecer
Num planar de pensamentos
Atirando-me para o mar da saudade
De águas calmas mas doridas
Quero minha liberdade
Num horizonte aquecido pelo sol
Pois meu corpo está frio
De emoções num coração fechado
Deixem-me voar
Para além do infinito
Quero gritar, meus ais abafados
Que os calei sofrendo
Sem lágrimas…
Fátima Porto
BÚZIO PERDIDO
segunda-feira, 23 de abril de 2012
NUVENS
Deixei entrar nuvens de amor
No quarto da minha solidão
Tristemente vazio
Algodão doce em nuvens
Para um coração esventrado
Onde o tempo não faz as feridas sararem
Nuvens suaves
Que levam minhas mágoas
Caídas no regaço despojado
Meigas nuvens
Que acariciam as palavras mudas
Fechadas no armário do peito
Nuvens de desejos
De abraços nus e quentes
Que meu corpo esfria…
Fatima Porto
AO SABOR DAS ONDAS
Vais afundando
Levando quimeras perdidas
Sonhos largados no mar
Batidos pelas ondas
No teu casco envelhecido
Teu leme parou no tempo
Na bússola do sol que queima
Onde os motores enferrujados
Se esvaem lentamente
Nas águas silenciosas que invadem
Quantos mistérios guardados
Perpetuados dentro de ti
Que ficarão mergulhados
Num mar qualquer
Baloiçando ao sabor das ondas
E perto de um praia, talvez…
Fatima Porto
Fotografia : Adalberto Gourgel
domingo, 22 de abril de 2012
INTERPRETAÇÂO
Não interpretes mal…
Tudo está contra a luz
Assim como os sentimentos
Abafados, calados
Como os meus gritos
Não interpretes mal…
Mas apenas se vê a silhueta
É uma incógnita
Que dá para pensar, talvez
Em silêncio
Não interpretes mal…
O eco não tem retorno
Mesmo para quem espera
À contra luz para não se ver
Até se apagar de vez
Na solidão….
Fatima Porto
CAMINHO CERTO
sábado, 21 de abril de 2012
PENSANDO
SEGREDOS DO TEMPO
Olho o tempo
Que passa ligeiro
Rodando nos ponteiros
Fazendo soar tic-tac
Como o bater do coração
Gira e gira
Mas o tempo não passa
Como se os ponteiros voassem
Deixando o tempo parado
Numa agonia sem fim
Vejo e torno a olhar
Se algo de momento se transformou
Mas o tempo passou com a brisa
Leve de mansinho
Que nem em mim tocou
Oh tempo por onde andas
Que passas parado em silêncio
Conta-me teus segredos ligeiros
E fazendo tic-tac ao meu ouvido…
Fatima Porto
…O olhar não mente
A dor fortalece
Chora-se sem lágrimas
As palavras têm força
Sonhar não é idealizar
Hoje é o reflexo de ontem
Fazer é melhor que falar
Os verdadeiros Amigos permanecem
Ter Amigos é necessário
Sermos nós mesmos sem fingimentos
Beleza não está no que vemos, mas no que sentimos
E existe um grande segredo na Vida que se chama: VIVER!...
Fatima Porto
sexta-feira, 20 de abril de 2012
PASSADO ANCORADO
Ancorado numa praia qualquer
Navio sem destino e sem rumo
Adornaste vazio de ideias
Perdido no tempo
Pescam saudades
No mar profundo
Sem ondas, em calmaria
Aquecido pelos braços do sol
Serves de muro numa idade esquecida
Em ferros entorpecidos pelos anos
E de quantas lágrimas derramadas
Misturadas nas águas desse mar imenso
Praia marcada
Em areias palmilhada
Por juventudes levadas pela brisa
Dos tempos de outrora ….
Fatima Porto
BEIJOS NO OLHAR
Beijos que sentem o olhar
De um perfume sublime
Beijos com lábios em pétalas
De vontades transformados
Beijos no doar mesmo de espinhos
Suavizado com o orvalho da manha
Beijos dissimulados em flores
Levados na distância do pensamento
Beijos onde sentimentos
Falam palavras sem explicação no puro silêncio…
Fatima Porto
O LIVRO E EU
Sou como um livro
Existem aqueles que só se interessam pela minha capa
Mas também quem “viaje” comigo
Há pessoas que nunca tentaram
Nem nunca quiseram “ler-me”
Outras quantas, soltaram seus sentimentos
Depois de verem meus escritos
Mas também existem pessoas
Que apenas em mim procuram, palavas de consolo
Mas tal como um livro
Sempre trago algo de bom!
Fatima Porto
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